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Terça-feira, Abril 30, 2024
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    Crise no Oriente Médio leva a rebalanceamento de riscos macroeconômicos

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    Por Thomas Monteiro é estrategista-chefe do Investing.com

    “A retração dos mercados globais na sexta-feira e o possível aprofundamento desta tendência quando os mercados abrirem amanhã são um movimento racional de rebalanceamento de riscos macroeconômicos, tendo em vista que os atuais lamentáveis acontecimentos no Oriente Médio possuem o potencial de desestabilizar diversas partes essenciais da cadeia de fornecimento global.
     

    A preocupação de primeira ordem é, evidentemente, uma possível escalada massiva dos preços de petróleo, haja vista a importância do Estreito de Hormuz para a cadeia de suprimento global da commodity. Isso se soma a uma crescente tensão em Omã – que também é banhado pelo estreito de Hormuz -, obrigando investidores que necessitam de petróleo a comprarem mais suprimentos agora, contrabalanceando os riscos de um fechamento total desse corredor.
     

    Se isso não bastasse, devemos levar em consideração ainda o fato de a inflação nos EUA já ter mostrado sinais de resiliência. Ou seja, olhando em sentido macro, uma escalada massiva dos preços de petróleo poderia forçar o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a atrasar ainda mais uma mudança no seu ciclo de juros.
     

    Imagem 1: Índice de Preço aos Consumidores (IPC) dos EUA (março/2022 a março/2024)

    Fonte e elaboração: br.investing.com
     

    No entanto, este não é o único risco: acredito que os investidores estejam também precificando mais uma escalada na composição já complicada do quadro geopolítico que o mundo está passando. E isso em si traz riscos enormes para toda atividade econômica global, uma vez que constitui mais um movimento de desglobalização – tal qual temos observado em diversos lugares do mundo. Isso indica uma composição diferente da economia global no futuro próximo, forçando investidores a reprecificarem o crescimento de empresas que dependem de vendas globais.
     

    Frente a todos estes riscos, a tendência racional dos investidores é realocar parte dos investimentos em ativos historicamente tratados como de menor risco – entre os quais ouro, outras commodities de oferta finita (como o próprio petróleo), dólar americano e iene japonês – além de imóveis.
     

    Nos últimos anos, o Bitcoin também tem se colocado como uma alternativa. Entretanto, as criptos ainda têm se mostrado muito sensíveis aos ciclos de juros, o que pode atrapalhar esta preposição. Além de seu preço ter desabado ontem.
     

    Imagem 2: Gráfico horário do preço do bitcoin (6 a 14/4/2024)

    Fonte e elaboração: br.investing.com
     

    Dentro da bolsa, o segmento de defesa deve ganhar interesse, devido ao provável aumento de gastos militares de diversos países.
     

    No entanto – e esse ponto deve ser frisado – estamos, no momento, falando de uma reprecificação de riscos, e não de um processo já consolidado de reconfiguração das cadeias globais. Investidores não devem entrar em pânico e nem se deixar levar totalmente pela narrativa da guerra.
     

    A preposição de longo prazo continua a mesma; entretanto, observar a representar riscos dentro de seu portfólio é movimento mais sábio no momento.

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